Farmacêutico News - Estudantes de Farmácia inovam pela originalidade em Congresso

A Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) fez um interregno nos temas de cariz político para voltar a abordar questões mais ligadas à Saúde durante o Congresso Nacional de Estudantes de Farmácia (CNEF). “Conseguimos inovar pela originalidade de um programa que se destacou do que temos vindo a construir e que consideramos útil a todos os futuros profissionais de Saúde”, disse em entrevista à Farmacêutico News a Dr.ª Diana Lopes, na altura responsável pelo departamento de formação e ensino da APEF. “Ainda existe um longo caminho pela frente, muitas arestas para limar, mas também uma infinidade de oportunidades de melhoria. Cabe-nos a nós - a nova geração de saúde - trabalhar para o futuro, preparando-nos hoje para a saúde de amanhã”. Estas são palavras da farmacêutica Dr.ª Diana Lopes, referindo-se às mensagens-chave do Congresso Nacional de Estudantes de Farmácia (CNEF). A Associação Nacional das Farmácias (ANF) recebeu a 4.ª edição deste Congresso que é dirigido aos alunos de Ciências Farmacêuticas e Organizado pela Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF). O encontro realizou-se nos dias 1 e 2 de dezembro de 2017 e teve lotação esgotada, contando com 150 participantes. “Foi idealizado para um total de 150 participantes, por isso consideramos o número de inscrições fantástico, tendo em conta edições anteriores”, comenta a Dr.ª Diana Lopes, na altura responsável pelo Departamento de Formação e Ensino da APEF. A Associação é constituída por sete membros oriundos das diferentes faculdades e institutos do Porto, Coimbra, Covilhã, Lisboa e Algarve, pelo que foram recebidos estudantes de todo o País. As últimas edições deste evento tiveram um cariz mais político, por isso, para esta edição, a APEF teve “o objetivo de trazer novamente um Congresso mais ligado à saúde”, anota a antiga aluna da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto que atualmente trabalha na área da consultoria e gestão de farmácias. “Consideramos que este é um momento de mudança. Estamos a formar gerações mais críticas, mais envolvidas e proativas, que questionam tudo o que se faz. No fundo, é a geração dos “porquês?”, que não descansa enquanto não obtiver respostas e não puder dar o seu contributo para a forma como os processos são desenvolvidos. Por este motivo, acreditamos que é uma geração mais exigente que vai marcar e mudar o que hoje conhecemos, inovando no que diz respeito a novas tecnologias de diagnóstico e políticas de acesso aos cuidados de saúde”, explica a antiga responsável pelo Departamento de Formação e Ensino da APEF, ao ser questionada sobre o que motivou a escolha do tema “Uma nova geração de saúde”. Os sete membros que constituem a APEF têm por tradição realizar o seu próprio congresso local. Contudo, em 2017, pretenderam organizar um evento único que se distinguisse, “não só do que os membros organizaram, mas também um pouco mais distanciado do conceito mais político que até então a APEF tinha vindo a organizar, dado a difícil renovação e frescura de seleção de temas a debate”, refere a Dr.ª Diana Lopes. “Também queríamos um Congresso mais dinâmico, apelativo e envolvente, com uma componente prática que é hoje mais valorizada pelos estudantes de Ciências Farmacêuticas. Como sabíamos que o tema central deveria ser o cidadão, elaboramos o programa de modo a compreendermos qual o caminho a percorrer, para que os cuidados de saúde sejam diferenciados e otimizados”, acrescenta e assegura que o balanço foi muito positivo. “Conseguimos inovar pela originalidade de um programa que se destacou do que temos vindo a construir e que consideramos útil a todos os futuros profissionais de saúde”, frisa. Assuntos abordados em diferentes sessões O programa foi constituído três painéis (“As TIC ao serviço do cidadão”, “Modelos Europeus de Sistema de Saúde” e “Intercolaboração entre profissionais de saúde”), uma mesa-redonda com o tema “Financiamento em Saúde: uma perspetiva ética” e um ciclo de workshops. Na perspetiva da Dr.ª Diana Lopes, a abordagem às Tecnologias de Informação e Comunicação era essencial como forma de melhorar os cuidados de saúde do utente, uma vez que permitem uma comunicação mais estreita entre os vários profissionais de saúde e a passagem de dados do utente, facilitando todo o processo. Por outro lado, “sentimos que a experiência proveniente do campo internacional também seria fundamental para compreender de que modo o nosso Sistema Nacional de Saúde está adequado às necessidades do presente e como pode ser melhorado para servir melhor no futuro”, diz. Quanto à mesa-redonda, a escolha do tema “teve a ver com o facto de considerarmos que as questões éticas de financiamento em saúde estão ainda pouco debatidas, sendo então imprescindível debater para compreender qual o preço justo a pagar pelos cuidados de saúde”, indica a farmacêutica. E acrescenta: “Ademais, a partilha de dados do utente também necessitava de ser alvo de foco, dadas as várias vertentes éticas que envolvem essa partilha. Para melhorar os cuidados de saúde não nos podemos esquecer de algo muito importante: a questão da intercolaboração entre profissionais de saúde, porque o doente poderá ter acesso a cuidados de saúde mais diferenciados e custo-efetivos se o médico, o enfermeiro, o farmacêutico e o radiologista, por exemplo, trabalharem em conjunto. A falha de uma das etapas da cadeia de tratamento compromete o sucesso da mesma.” Por último, os estudantes tiveram acesso a vários workshops, focados na Saúde Sexual e na Saúde Mental, assim como em soft-skills importantes para o sucesso do trabalho em equipa, como seja a comunicação. No que respeita à escolha de oradores, a Dr.ª Diana Lopes comenta que “contámos pela primeira vez com key note speakers que contaram as suas experiências em primeira mão no panorama da saúde em contexto de crise, acrescentando sempre algo mais à parte científica já abordada” e evidencia que “os estudantes tiveram a oportunidade de ouvir na primeira pessoa um refugiado sírio a viver em Portugal e um voluntário dos “Médicos Sem Fronteiras”. Foi um gosto poder proporcionar este momento e este contacto”. Remata dizendo que “todos os oradores foram fantásticos, conseguindo interagir muito com o público e tornar as sessões mais dinâmicas, trazendo temas diferentes e questões mais práticas que prenderam os estudantes do início ao fim”.